Entrevista Exclusiva com Eliane Lima a cineasta poética das imagens experimentais.
Eliane Lima (foto) é originalmente de São Paulo. Nos anos 80 ela se mudou para o Rio Janeiro para iniciar sua carreira como produtora de shows musicais e eventos. Ao mesmo tempo, ela freqüentou oficinas de cinema. No início dos anos 90, ela conheceu o filósofo brasileiro Claudio Ulpiano e tornou-se sua aluna e amiga, e decidiu deixar o negócio da música, parar seu trabalho de produção da Metropolitan Concert House para se tornar um estudante de Cinema na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Dedicou seus estudos de imagens, participando em vários workshops internacionais de cinema, especialmente em edição (NY Film Academy, NYC; EICTV-Cuba, etc). Enquanto no Brasil, ela trabalhou como estagiária em filmes de Ruy Guerra e Ana Carolina.
Eliane Lima em 2007, ela voltou a freqüentar a escola da Universidade Estadual de Nova York onde estudou mestrado, Eliane trabalha com a experimentação de imagens em película, vídeo e fotografia, e também planeja fazer instalações. Com trabalhos experimentais e de grande valor poético, esta criativa e talentosa cineasta, mostra seu amor ao cinema poético e de fotografia majestosa e inesquecível. E com grande prazer que fizemos uma entrevista exclusivo , uma noticia fresquinha é que seu filme Djinn foi oficialmente selecionado para Festival Holly Shorts e no mês de setembro vai estudar na San Francisco Art Institute. Confiram a entrevista.
Como é o processo de fotografia nos seus trabalhos visuais?
Meu trabalho com cinema é diretamente ligado a fotografia. Não separo os dois, tanto que meu filme Djinn foi feito todo como um ensaio fotográfico... Fomos às locações com os atores e com câmera fotográfica nas mãos, mas usamos iluminação e preparamos os sets e os atores como se estivéssemos fazendo cinema e estávamos... Com as fotos ampliadas, filmei no table top... Foi uma experimentação, tipo fotografia que virou filme. Meu interesse em usar still imagens foi para brincar com a questão do movimento e continuidade. Muitas pessoas não entenderam isso porque procurava a linearidade em meu trabalho, o que não existe. Acabei de desenvolver um trabalho fotográfico com portraits... Só fotografia, e gostei do resultado, mas fiz algo completamente diferente do que normalmente uso quando faço filmes. Usei neste trabalho uma aproximação da fotografia de jornalismo ou documental, o que nunca uso nos meus filmes...
Você acha importante na composição imagética dos fragmentos através da fotografia? Ou melhor, a representação do cinema poesia no elemento experimental
Composição fotográfica é muito importante, nada pode estar no quadro por acaso. Quando faço filme penso na idéia de criar um mundo diferente e escolho exatamente como quero que meu mundo seja: com seus objetos e corpos pensados no relacionamento entre o espaço cinematográfico e o espaço do espectador ou extra campo.
Quais referências você busca em seus trabalhos?
Minhas referencias são filosóficas, Gilles Deleuze e Claudio Ulpiano. Ulpiano foi à grande virada na minha vida em relação às imagens. Mas também me inspiro em outros trabalhos, tenho uma coisa muito forte com o trabalho de Alain Robbe-Grillet, por exemplo.
Meu trabalho com cinema é diretamente ligado a fotografia. Não separo os dois, tanto que meu filme Djinn foi feito todo como um ensaio fotográfico... Fomos às locações com os atores e com câmera fotográfica nas mãos, mas usamos iluminação e preparamos os sets e os atores como se estivéssemos fazendo cinema e estávamos... Com as fotos ampliadas, filmei no table top... Foi uma experimentação, tipo fotografia que virou filme. Meu interesse em usar still imagens foi para brincar com a questão do movimento e continuidade. Muitas pessoas não entenderam isso porque procurava a linearidade em meu trabalho, o que não existe. Acabei de desenvolver um trabalho fotográfico com portraits... Só fotografia, e gostei do resultado, mas fiz algo completamente diferente do que normalmente uso quando faço filmes. Usei neste trabalho uma aproximação da fotografia de jornalismo ou documental, o que nunca uso nos meus filmes...
Você acha importante na composição imagética dos fragmentos através da fotografia? Ou melhor, a representação do cinema poesia no elemento experimental
Composição fotográfica é muito importante, nada pode estar no quadro por acaso. Quando faço filme penso na idéia de criar um mundo diferente e escolho exatamente como quero que meu mundo seja: com seus objetos e corpos pensados no relacionamento entre o espaço cinematográfico e o espaço do espectador ou extra campo.
Quais referências você busca em seus trabalhos?
Minhas referencias são filosóficas, Gilles Deleuze e Claudio Ulpiano. Ulpiano foi à grande virada na minha vida em relação às imagens. Mas também me inspiro em outros trabalhos, tenho uma coisa muito forte com o trabalho de Alain Robbe-Grillet, por exemplo.
No Brasil muito pouco se diz em cinema, vídeo ou filme experimental. Nos Estados Unidos e na Europa tem mais campo. E um desafio fazer um cinema experimental?
Isso é muito triste, sai do Brasil em 1999 por causa disso, meu trabalho não tem nada a ver com cinema narrativo, ai não tinha campo ai no Brasil. Nunca fui aceita nos Festivais Brasileiros, nem nos chamados de cinema novo ou experimentais, porque não tinha nada de novo ou experimental de verdade lá... Estou falando de 10 anos atrás, não sei agora, espero que tenha mudado ou que mude rapidamente porque não aceitar um trabalho experimental seria como pensar o cinema somente como produto de Hollywood. Ainda penso que Glauber Rocha é o cara, porque o cinema experimental é a câmera na mão e a perseguição de uma idéia...
Hoje quem seriam os grandes representantes do filme experimental no Brasil e no exterior no seu ponto de vista ?
Não sei te dizer dos representantes porque não penso o cinema dessa maneira... Aqui nos Estados Unidos tem muitos cineastas experimentais, mais que atores da Rede Globo no Brasil rsrsrsr...
Isso é muito triste, sai do Brasil em 1999 por causa disso, meu trabalho não tem nada a ver com cinema narrativo, ai não tinha campo ai no Brasil. Nunca fui aceita nos Festivais Brasileiros, nem nos chamados de cinema novo ou experimentais, porque não tinha nada de novo ou experimental de verdade lá... Estou falando de 10 anos atrás, não sei agora, espero que tenha mudado ou que mude rapidamente porque não aceitar um trabalho experimental seria como pensar o cinema somente como produto de Hollywood. Ainda penso que Glauber Rocha é o cara, porque o cinema experimental é a câmera na mão e a perseguição de uma idéia...
Hoje quem seriam os grandes representantes do filme experimental no Brasil e no exterior no seu ponto de vista ?
Não sei te dizer dos representantes porque não penso o cinema dessa maneira... Aqui nos Estados Unidos tem muitos cineastas experimentais, mais que atores da Rede Globo no Brasil rsrsrsr...
A video-arte, video-dança, video-performance, video-experimental, poderíamos dizer, que as artes é a vida de expressão em multimeios ou a busca pelo ideal em seus meios audiovisuais de uma representação da vida.
Dividir o cinema experimental em categorias é o trabalho feito pelos Festivais, eu não separo o cinema experimental em categorias porque meu trabalho com imagens é diretamente ligado ao relacionamento entre espaço, tempo e corpos. Teóricos de cinema, cineastas etc. pensaram o cinema como representação da realidade, entendo e aceito isso. Ai entramos em uma coisa muito complexa, pensar na relação entre real e virtual, representação, memória etc. Algo como caminhar no mundo Bergsoniano através de Deleuze. Mas prefiro deixar de lado essa questão de representação da realidade e pensar em meu trabalho como uma viagem a um território inabitado e desconhecido, num mundo inventado onde as imagens vistas fazem parte de uma experiência metafísica.
Dividir o cinema experimental em categorias é o trabalho feito pelos Festivais, eu não separo o cinema experimental em categorias porque meu trabalho com imagens é diretamente ligado ao relacionamento entre espaço, tempo e corpos. Teóricos de cinema, cineastas etc. pensaram o cinema como representação da realidade, entendo e aceito isso. Ai entramos em uma coisa muito complexa, pensar na relação entre real e virtual, representação, memória etc. Algo como caminhar no mundo Bergsoniano através de Deleuze. Mas prefiro deixar de lado essa questão de representação da realidade e pensar em meu trabalho como uma viagem a um território inabitado e desconhecido, num mundo inventado onde as imagens vistas fazem parte de uma experiência metafísica.
site: www.elianelima.us
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