Dossiê 12:José Agrippino de Paula o poético mestre das imagens experimentais


José Agrippino de Paula(foto) (São Paulo SP 1937-2007), escritor, cineasta, roteirista e dramaturgo, deixou uma marca forte na cultura brasileira.
Estreando em 1965 com o romance Lugar Público (foto), é apontado na orelha, por Carlos Heitor Cony, como um novo criador. Nessa época mora no Rio de Janeiro, onde estuda arquitetura. Lá convive com importantes personagens da história da cultura recente, como Caetano Veloso e Rogério Duarte. Cismado com um certo localismo próximo ao CPC e com as manifestações nacionalistas e sacralizadoras, tanto da esquerda como da direita, o artista toma posição peculiar na cultura nacional. Sem moralismos, se interessa pela incipiente cultura de massas e pela vitalidade da cultura popular urbana. Esse estímulo será culturalmente importante para a obra mais comentada: o romance Panamérica. Publicado em 1967, é considerado fundamental por Mário Schenberg. A retirada da hierarquia dos códigos culturais e a apropriação pop de determinados ícones, antecipa algumas das características do tropicalismo. Caetano Veloso em Verdade Tropical reconhece a importância do livro de Agrippino para alguns questionamentos. Esse tipo de apropriação dos estereótipos da pop culture é retomado no longa-metragem Hitler do 3º Mundo (foto), com fotografia de Jorge Bodansky.
Em 1978, o artista filma em Salvador um curta em super-8 - Céu sobre a água. Antes, já havia realizado outros super-8 durante viagem a África com sua mulher, Maria Esther Stockler.
No livro romance Panamérica (foto) teve 2 reedições: em 1988 e outra em 2001. José Agrippino viveu no Embu das Artes - SP.
No Centro Cultural de São Paulo em 2008 o cineasta e escritor recebeu uma homenagem, no Ciclo José Agrippino de Paula, Artista pop tropicalista da década de 1960/70 - em homenagem a 1 ano de sua morte em 2008, pela curadoria de Lucila Meirelles.

Filmografia:
-Céu sobre água
(1978, 20min - suporte super 8 - beta)
direção e câmera: José Agrippino de Paula - atuação: Maria Esther Stockler
"O filme é uma relação poética de imagens e de rara luz. Cineideograma. Poema visual. Cinepoema". (Jairo Ferreira)

Reportagem de entrevista no programa Espaço aberto - Pedro Bial e Agrippino (2001, 30min - Globo News - beta)
Entrevista sobre o livro PanAmérica, de José Agrippino de Paula.

-Hitler III mundo
(1969, P&B, 70min - suporte 16mm)
direção e roteiro: José Agrippino de Paula - elenco: Jô soares, José Ramalho, Eugênio Kusnet, Luiz Fernando de Rezende
Ficção política, futurista que critíca os anos de ditadura militar no Brasil. Realizado logo após a decretação do AI-5. Traça um painel da sociedade brasileira em pleno governo Médici.

Sinfonia Panamérica
(1988, cor, 15min - suporte versão beta)
direção: Lucila Meirelles
Documentário poético sobre a vida e a obra de Zé Agrippino.

-Candomblé no Togó
(1972, cor, 20min - suporte super 8 - versão beta)
direção: José Agrippino de Paula
"A câmera dança ao ritmo do (g)rito do candomblé". (Jairo Ferreira)

Passeios no recanto silvestre
(2006, cor, 16min - suporte 35mm)
direção: Miriam Chnaiderman
Agrippino conta sua história com uma câmera super 8, igual a que usava nos anos 1960/70.

-Maria Esther - danças
(1978, cor, 60min - suporte super 8 - versão beta)
direção e câmera: José Agrippino de Paula - atuação: Maria Esther Stockler
Filme sobre o trabalho da dançarina Maria Esther.

-Candomblé no Dahomey
(1978, 20min - suporte super 8 - versão beta)
câmera roteiro e direção: José Agrippino de Paula
Nada de documentário: cinemagia.
"A câmera não está só registrando: Está escrevendo, dançando". (Jairo Ferreira)

reportagem -Lugar reservado - Ricardo Soares e Zé Agrippino
(2005, 30min - TV SENAC)
Entrevista sobre o livro Lugar Público, de José Agrippino de Paula.

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